terça-feira, 27 de novembro de 2012

Nas piores horas faça um café.

Oi, é, eu tenho agora dezessete anos e minha memória anda péssima, penso que posso compará-la a de uma pessoa de 80 anos. Eu não sou tão vazia quanto este blog mostra, acontece que aqui é uma bagunça mais arrumada para que as pessoas entendam. E é isso que me aflige, a gente tá sempre arrumando a nossa bagunça porque ela perturba os outros, mas não tanto a nós mesmos. O mundo quer nos mudar, modelar e encaixar à sua forma e não estamos preparados para isso, eu não estou.
Hoje pela manhã quando fui olhar-me no espelho senti-me jovem, bonita e com um certo sentimento de saudade futura. É só uma estação. Acontece que logo vem a velhice, e os dias maus, então pra quê vivo?
Fui andar para ver a vida caminhando para os braços dos eternos prazeres efêmeros e encontrei um espelho quebrado, recolhi alguns cacos que reluziam tanto que pareciam brilhantes. Depois procurei o maior e em vez de usá-lo para ver refletido meu rosto, senti uma vontade profunda de o empurrar contra a pele. Essa atividade que executo  estoicamente todos os dias, que alimenta a minha vaidade pareceu-me enfadonha e sobre humanamente impossível de ser realizada mais uma vez. Hesitei por um longo momento sem saber se passava o batom olhando-me no espelho ou se cortava o pescoço.