De manhã,
no café da manhã eu não tomei café.
Eu quis
azeitonas verdes.
Só tinha
pretas, as azeitonas pretas olharam para mim,
O caso é
que as azeitonas nunca desceram senhor, elas ficaram paradas na garganta
indo no
caminho dos pulmões, quase não consegui respirar,
é como
quando vamos salvar alguém em alto mar e essa pessoa agarra-nos o pescoço
e nos
puxa para baixo e temos que fugir enquanto ainda temos sentidos, eu escapei.
Só que as
danadas das azeitonas pararam no peito, lado esquerdo é caso de coração.
Tá
intalada, parece choro engolido,
a moça
que me acudiu, se chama Helena
linda,
mora no mesmo prédio que eu,
ela disse
que é caso pra rir, que quando a gente tá magoado assim comer é perigoso
que é
melhor primeiro rir, o riso engana as mágoas e as azeitonas intrometidas.